sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pauta Fervente indica: Cisne Negro.


Um show de impressões e neuroses de uma bailarina talentosa e obcecada.




Pode até parecer, inicialmente, que a bela Natalie Portman - que interpreta a bailarina Nina - está hesitando ao atuar. Contudo, esse é mais um artifício utilizado pela atriz para compor a complexa personagem do filme Cisne Negro, dirigido por Darren Aronofsky. O thriller tem essa mágica de nos conduzir para a mente confusa de Nina, nos deixando impressões profundas e desmentindo-as logo em seguida.

sinopse: Nina (Natalie Portman) é uma dedicada bailarina que aspira a um papel principal no espetáculo Lago dos Cisnes. A bailarina Beth MacIntyre (Wynona Rider) foi substituída por Nina, o que gerou revolta por parte da primeira. Nina tem problemas com a mãe, enxerga sua colega Lily (Mila Kunis) como rival e é pressionada pelo exigente diretor Thomas Leroy (Vincent Cassel), ficando obcecada pelo papel de Cisne Negro, um personagem sombrio e sensual, o oposto do Cisne Branco, papel que já domina.

Natalie Portman, que tem no currículo longas como Star Wars, Closer, V de Vingança Nova York, Eu Te Amo, é muito conhecida por se dedicar inteiramente aos papéis que interpreta. Para interpretar Nina, a atriz chegou a praticar balé oito horas por dia.

O ponto alto do filme é a mudança brusca de personalidade e postura entre Cisne Branco e Cisne Negro, onde dá nitidamente pra se notar o conflito psicológico e a atmosfera densa que o filme proporciona. A trilha sonora, outro ponto forte do longa, que dá substância e profundidade às cenas, foi composta pelo próprio diretor, Aronofsky e por Clint Mansell.



Ficha Técnica:

Nome: Cisne Negro (Black Swan) - 2010

Origem: EUA

Duração: 103 minutos

Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Wynona Rider.

Gênero: Suspense (psicológico)




quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Crônica: O "ser" brasileiro.




Não gosto de futebol, nem carnaval, nem pagode, nem calor, nem praia. Mas sou brasileiro sim, com orgulho. Por acreditar que esse país é mais do que esses estereótipos criados pelos estrangeiros e realimentado pelos 'nativos'. Por acreditar que essa mistura gostosa de culturas pode render frutos bons. Permaneço acreditando que o brasileiro não é necessariamente um malandro, mas um trabalhador que sorri com uma gota de suor pingando do rosto, meio que pra não perder a força diante da cansativa rotina.

Ainda é preciso mais latinamericanismos e menos norteamericanismos. Ah! Se tivessem o mínimo interesse de revirar o nosso baú...a História está aí só esperando pra ser revista, pesquisada, revirada, descoberta, redescoberta. 
Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália, Semana de Arte Moderna, Roberto Carlos, Chico Buarque, Tom Jobim. Tantos nomes, tanta riqueza que empanturra a nossa pança cultural. E nós, sempre com fome, buscamos lá fora o que temos de sobra aqui dentro.

Analise, volte pra si mesmo. Esqueça aqueles rótulos terríveis. Essa gente é mais, o Brasil é mais. É só querer descobrir, é só querer descobrir essa coisa "ser" brasileiro que anda oculta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pauta Fervente indica: Runaway/Fugitive Plan B




Mais que um seriado, RUNAWAY ou FUGITIVE: PLAN B é no mínimo uma destemida empreitada da indústria cinematográfico coreana. Filmado em sets variados, espalhados pela Ásia, em lugares como Beijing, Tóquio, Seul, Macau e Tailândia, este k-drama* faz com que o espectador faça um gigantesco tour pelo continente asiático, mostrando construções colossais e paisagens de cair o queixo.

A trama é extremamente envolvente, divertidíssima e capaz de agradar os mais exigentes espectadores, desde crianças a um público mais adulto. Aliás, evita cair em clichês e em cenas previsíveis, despertando o interesse por causa dos rumos totalmente diferentes que toma. Rain, conhecido como Raizo, do filme Ninja Assassino, conseguiu se superar com sua atuação de uma figura tão complexa e impossível de não gostar como o detetive Ji Woo. Lee-na Young, conhecida como a queridinha da Coreia do Sul, também impressiona por interpretar a aparentemente fria Jin Yi. Elenco perfeitamente escolhido, nenhuma atuação deixou a desejar.

sinopse: Ji Woo (Bi Rain) é um excêntrico, mulherengo e carismático detetive particular, dono de uma gigantesca agência asiática. Jin Yi (Lee-na Young) teve seus familiares assassinados por um motivo misterioso, que remonta à época da Guerra da Coreia. Ela precisa da ajuda de Ji Woo para encontrar o assassino, encontrando dificuldades de lidar com os métodos incomuns do detetive à medida que mergulha em uma intrincada rede de informações, pistas desconexas que devem levar ao assassino de sua família.




*nota: k-drama é a abreviação de 'korean drama'. Esses 'dramas' (pronuncia-se, nesse caso, DO-RA-MÁ) não são necessariamente aqueles folhetins essencialmente dramáticos. Podem conter ação, comédia, suspense, etc. Assim como os j-dramas (japanese dramas), eles são geralmente muito mais curtos que os seriados ocidentais.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

De cortar os pulsos.


"O amor nunca é só amor[...]"



"onde começam as histórias de amor?"

"em que parte da música elas terminam?"


As frases acima foram retiradas do folheto promocional da peça "Música Para Cortar os Pulsos" - frases estas que ilustram as doses generosas de reflexão que esta criativa peça proporciona.

Dirigida pelo genial Rafael Gomes, que tem no currículo curtas como Alice, Relicário, o famoso Tapa na Pantera e a série Tudo O Que é Sólido Pode Derreter, (exibida pela TV Cultura), a peça proporciona um clima bastante intimista e empolgante. Os espectadores puderam acompanhar boa parte do processo de criação através do blog www.musicaparacortarospulsos.blogspot.com - além disso, puderam manter contato com o diretor, através do twitter da peça (@musicaparacortar) e com a intérprete da personagem Isabela, a atriz Mayara Constantino (@mayacons), ambos sempre gentis e receptivos, sempre gratos pelo carinho do público.

Em cartaz desde outubro, com a primeira temporada realizada em São Paulo, no Sesc Pinheiros e em seguida no Teatro da Memória, Instituto Capobianco, a peça apresenta um roteiro impecável, profundo sem parecer enfadonho, inteligentíssimo e agradável, na verdade, viciante. Possui elementos de cenário bem arranjados, com um formato bastante inovador, principalmente em relação ao jogo de luzes. Aliás, este é um dos elementos que mais chamam a atenção, por ser adaptável e contribuir bastante com a interação do espectador, causando um maravilhoso hipnotismo, permitindo uma total entrega por parte do público.


Quanto à atuação, é impossível não sentir o coração aquecido com os brilhantes Kauê Telloli, Mayara Constantino e Victor Mendes. Esse jovens e brilhantes atores são de uma versatilidade ímpar. Conseguem passar um jeito jovem e descontraído de ser e expressar, conferindo um grau de fino humor e também passar uma alta carga de subjetividade, nos momentos em que o roteiro pede. Victor consegue ser bastante convincente em seu papel, incorporando expressões profundas e sólidas. Mayara, com suas feições angelicais, consegue fazer arrancar lágrimas, seja rindo ou chorando. Kauê também mostrou incrível versatilidade, sintonizando-se muito bem com seus colegas de palco.

Trilha sonora escolhida a dedo, afinal, por ser a "razão de ser" da peça, as músicas para cortar os pulsos, passando emoções muito fortes aos espectadores, servindo como uma externalização dos conflitos dos personagens e conduzindo o público à uma atmosfera única dentro do teatro. 

A peça fala, sobretudo, sobre o amor. Na verdade, nos ensina mais e mais sobre esse sentimento, que é o tema das nossas histórias. Quem assiste à Música Para Cortar Os Pulsos não sabendo o que é amor, pode até continuar meio que sem saber, porém, tamanho é o bálsamo em que o espectador é envolvido durante a peça que, após o término dela, há um  diferencial: mesmo se não sabíamos o que era, agora sabemos SENTIR.



Informações úteis:

Onde? Teatro da Memória, Instituto Capobianco ( Rua Àlvaro de Carvalho,97 - Centro)

Contato: (11) 3255-8065/ 3237-1187

Preços: R$ 20,00 e R$10,00 (meia entrada)

Temporada: 06/11 a 19/12 - 2010

mais informações: www.musicaparacortarospulsos.blogspot.com e http://www.institutocapobianco.org.br/

domingo, 31 de outubro de 2010

Provocações.


"Ai de mim...AI DE MIM! - é preciso um gemido grego para começar de novo Provocações, 10 anos."



"Esse programa pode não ser uma janela aberta para o mundo...mas um periscópio, no oceano do social"


Frases acima ditas por Antônio Abujamra, apresentador do programa Provocações, exibido pela TV Cultura, que completou dez anos de exibição.

Definir um programa de tal riqueza cultural e filosófica é complicadíssimo, mas ele consiste em entrevistas, com as mais diversas pessoas, sobre os mais variados assuntos, despertando a habilidade do telespectador de opinar, criticar e formar juízos de valor. Certamente uma boa pedida para os introspectivos e reflexivos de plantão.


O apresentador e também ator, Antônio Abujamra, entrevista, sem demagogia, mas com maestria, fazendo diversas citações filosóficas, encaixando perfeitamente em suas indagações, dando muita margem para ambos entrevistado e telespectador refletirem.


"Este é o programa mais aberto da televisão brasileira, aliás, como deveriam ser todos os programas." palavras de Abujamra.


Nada melhor que as palavras da equipe do programa, retiradas do site oficial:

Por Fernando Martins

O que não é



É difícil de enquadrar Provocações na tipologia sedimentada pela TV. 
Trata-se de um talk-show? Evidentemente não. 
De um sofá edulcorado, em que se conversam banalidades? Também não. De uma revista cultural, seguindo estereótipos? De modo algum. 
Seria então uma colagem multifacetada unindo o vulgar ao sublime? NÃO.
 
O que se propõe a ser



Provocações, em verdade, refoge a rótulos e classificações. 
Quer interagir com o potencial de análise e reflexão do telespectador. 
Quer desmontar o esquema estratificado de lugares-comuns. 
Quer enveredar por temas insólitos. 
Sem prejuízos, sem preconceitos. 
Inteligentemente.




Contra o que é contra?
Agride muito mais que agrada, quando se tem em conta a mentalidade plasmada pela indústria cultural e pela vulgarização do conhecimento.
E tira o espectador de sua passividade ruminante de só digerir o que já vem pronto no prato... e com molho de sabor neutro.
É um programa contra a certeza que apazigua consciência.
É um programa contra a arrogância dos monopolizadores de perguntas e de respostas.
Contra a tirania do bom senso.
Contra a orgulhosa suficiência dos bem-pensantes.
Contra os PHDs da mediocridade.
E a favor?Mixagem caleidoscópica e fragmentação mosaicada.
Provocações joga com poesias, textos literários, paradoxos, aforismos e desaforismos, mínimas e máximas do pensamento universal.
Tudo enformado pelo talento multi-disciplinador de Antonio Abujamra, este demolidor do convencional, este anárquico iconolasta, esta mistura enfática de Jonathan Swift e de Voltaire, de Baudelaire e de Rimbaud, de Pessoa e de Sartre.
Reverter a aparência do mundo.
Vislumbrar facetas de uma outra realidade.
Mergulhar em verdades subjacentes.
Escavar (e rir) da alma humana.
Colocar o comportamento social sob novos parâmetros.
Reinventar a vulgaridade.
Descobrir a riqueza dos monturos.
Mostrar ambivalências.
Desmentir axiomas.
Sinceramente seu

Essa a proposta – única, singular e corajosa – de Provocações.
Mas também, consequência natural, de causar a ira odiosa e a malsinação do establishment intelectual, dos Acácios, dos Homais e dos La Palisse de hoje, tecnocratas de lugar-comum e cuja expressão típica é o “cientista político”, esse profeta de abobrinhas...
Muito mais que exorcisar seus demônios e satanizar sua beatitudes Antonio Abujamra tenta realizar os ideais do Barco Ébrio.
         “Indiferente às minhas equipagens...
         ... pelos rios segui, liberto desta vez”

Sem lastro pesado das ideias sediças e, principalmente, sem âncoras.


links úteis:


lá estão contidos os vídeos dos programas anteriores.

Permita provocar a si mesmo, enforque-se na corda da liberdade.

sábado, 25 de setembro de 2010

O advento do K-POP

O k-group Big Bang


K-pop : uma abreviação de "Korean Pop Music", a música pop coreana.


Também conhecido como GaYo Music ou KaYo Music, o estilo que veio principalmente da Coreia do Sul, um dos Tigres Asiáticos, vem se tornando popular em grande parte da Ásia, chegando ao Ocidente e ganhando força nos Estados Unidos, parte da Europa, Reino Unido e timidamente, no Brasil.


História

Quando o fenômeno da globalização foi ganhando força, e os Estados Unidos passaram a exercer forte influência mundial, a Coreia do Sul foi se industrializando e passou a desenvolver um forte mercado interno. As relações externas se intensificaram e houve intercâmbios culturais. Na década de 1960, estilos musicais começaram a dar as caras e surgiram as primeiras boybands(bandas compostas por garotos) e girlbands.(bandas compostas por garotas). Já na decada de 1970, o rock music foi introduzido na Coreia do Sul e o Trot, gênero musical inspirado na música japonesa, tornou-se um dos gêneros principais.

A transição entre a década de 1990 e os anos 2000, foi marcante na história do k-pop, que recebeu influência do rap, hip-hop, R&B, e batidas eletrônicas, provocando a queda do estilo Trot.

Características

O cenário k-pop têm diversos segmentos, mas em geral, têm forte apelo na aparência, com performances que variam de "provocantes" a "angelicais". Também são conhecidos pela polivalência, ou seja, pela habilidade de fazer várias coisas, como dançar bem, cantar bem e pelo extremo carisma. Os fãs são muito exigentes e valorizam as habilidades de seus ídolos. Como padrão, os artistas são bastante simpáticos e cordiais com os fãs e encontros entre ídolos e fãs, promovidos pelas agências, são comuns.

A mídia sul-coreana dá bastante espaço ao k-pop. Programas como o Inkigayo, Music Bank, Music Core estão entre os mais populares. O cenário é montado de forma a vislumbrar o espectador.

Um estilo famoso é o bubblegum pop, um gênero voltado para os adolescentes e pré-adolescentes, possui batidas dançantes e animadas, refrões "chicletes" e letras que falam de amor, mas muitas vezes de figuras que remetem à felicidade, cores, balões, etc.

Artistas em destaque

BoA Kwon: considerada a Princesa do K-pop, BoA tem uma voz doce, uma face angelical e dança muito bem, chegando a se equiparar ou até mesmo superar o nível de seus próprios dançarinos. Começou cedo e lançou sucessos na Coreia, Japão e até o concorrido mercado norte-americano. É muito carismática e tem a fama de "boa moça" mantendo-se longe de escândalos. Sua música tem influências desde o  hip-hop, R&B até baladas "açucaradas."



















SNSD (Girls' Generation): É um grupo formado por nove meninas, é a abreviatura de So Nyeo Shi Dae. No Japão, conhecidas como Shoujo Jidai. Famosas pela beleza, foram treinadas pela SM Entertainment (uma das agências mais famosas da Coreia do Sul) em canto, dança, modeling e idiomas. Atualmente fazem carreira no Japão.
















Super Junior: Uma das maiores boybands que existem. Composta por 13 membros, sendo 10 ativos. Devido à grande quantidade de membros, vários sub-grupos já foram formados e atividades paralelas foram feitas. Possuem fãs não só na Coreia, mas em todo o mundo. São conhecidos pelas ótimas habilidades de dança, carisma e charme.






















DBSK (Dong Bang Shin Ki): também conhecidos como TVXQ e Tohoshinki(Japão), o grupo formado por cinco membros é um forte titã do k-pop. Roubam a cena pelo assustador carisma e habilidades performáticas. Fizeram muito sucesso no Japão, tornando-se o quinto grupo não-japonês a ficar no topo das paradas. Em 2010, tornaram-se o grupo estrangeiro que mais vendeu CDs em sua primeira semana de estreia.



Bi Rain: Canta, dança, atua, é modelo, desginer e produtor. Rain, como é conhecido, é um dos mais proeminentes artistas da Coreia do Sul. Famoso por suas performances sensuais, dotes físicos e sua voz melódica, Rain ficou mais conhecido atuando no filme "Ninja Assassin", interpretando o protagonista, Raizo. Foi eleito uma das dez celebridades asiáticas mais influentes em Hollywood.



















Big Bang: Até 2009, foi o grupo mais procurado da Coreia do Sul. Assim como BoA e DBSK, tentaram a carreira no Japão, lançando hits promocionais e se deram bem por lá. As marcas do grupo são os integrantes: Taeyang, famoso pelas habilidades de dança e carisma, T.O.P, rapper do grupo, G-Dragon, pelo seu estilo diferenciado. DaeSung, por ser o integrante responsável pelo 'aegyo' ou seja, pela 'fofura' e SeungRi, o palhaço e um dos melhores dançarinos da turma.






















Diferença entre k-pop e american pop

O k-pop recebeu uma influência muito forte da música pop americana, mas alguns elementos da própria cultura coreana e asiática em geral, impediram que ele se tornasse uma cópia integral. Como exemplo, a sensualidade explorada no pop americano é muitíssimo mais escancarada e vulgarizada, enquanto no k-pop é mais sutil. Os chamados concepts são as marcas dos grupos, são os estilos. Nota-se uma maior variedade de concepts na música pop coreana, uma maior heterogeneidade.
E como ponto chave, os artistas coreanos, em sua grande maioria, têm um compromisso muito sério com os fãs, aproximam-se mais do público, respeitam. São bastante competentes em seus trabalhos. Bi Rain, por exemplo, demorou anos para se lançar ao mercado. Geralmente os artistas coreanos são muito bem treinados em diversas áreas para proporcionar o máximo aos seus fãs.


Fonte: WIKIPÉDIA


dicas de site: www.kbox.com.br
www.allkpop.com

sábado, 11 de setembro de 2010

Crônica: Seu hipócrita!






Observava-o de longe...não entendia o porquê de chamarem aquele rapaz de óculos fundo de garrafa, espinhas no rosto e nissei (descendente de japoneses) de inteligente. Achava que o estavam rotulando...


Certa vez, ouvia uma conversa do rapaz oriental, até que ouviu a palavra "hipócrita" sair de sua boca. Era sua chance de questioná-lo.

Com um tom ácido e irônico, perguntou:

-Por acaso você sabe o que é hipócrita, ô mané?!

O rapaz, surpreso, fitou-o por alguns instantes por cima de seus óculos grossos e retrucou:

-Não é preciso saber a definição de uma palavra pra entendê-la. O mais importante é entender o que ela quer dizer, não sua definição - SEU HIPÓCRITA!

O seu interlocutor quis retomar a posição de ataque, quando foi rapidamente interrompido:

-Definições, definições, não servem pra nada essas porcarias! - a definição de átomo por exemplo, foi mudada pelo menos umas cinco vezes! Leucipo, Dalton, Thomson, Rutherford, Böhr. Passou por toda essa gente pra chegar à definição que temos hoje...SEU HIPÓCRITA!

-Ah é? E qual seria essa definição, SEU HIPÓCRITA?

-Átomo: partícula fundamental da matéria. É divisível, não é maciço, composto por um núcleo e uma eletrosfera. Daí eu pergunto: se você não estudou nem gramática, (pra saber a definição das palavras) nem química, pra saber a utilidade de tudo isso, quem de nós dois é o mais hipócrita? SEU HIPÓCRITA!

O garoto ficou estático. Faltava-lhe o ar. Nada é mais duro do que ter consciência da sua própria hipocrisia.


(Crônica inspirada e em homenagem a Luis Fernando Veríssimo, fantástico cronista. )