Certa vez eu estava jogando um desses mini-games para celular,o jogo da cobrinha, cujo objetivo é acumular mais e mais pontos, deixando-nos viciados e cada vez mais ambiciosos. "Eu vou bater os meus recordes, eu vou poder falar que eu consegui tantos milhões de pontos, hahaha" - esses eram os pensamentos que me vinham à cabeça e me davam a força de vontade de alguém que queria dominar o mundo.
Na verdade eu tinha me dado conta poucas vezes do quanto um simples jogo muda o nosso comportamento. Enquanto entretidos, nos desligamos momentâneamente da realidade e deixamos o nosso espírito competitivo - que vem do nosso ego, da nossa animalidade - nos dominar um pouco: começamos a gritar palavrões, gritamos coisas que não fazem sentido algum...ou simplesmente...gritamos.
Na Idade da Pedra o homem era acostumado a competir para sobreviver, seja correndo atrás de uma caça, seja lutando contra as condições climáticas, fugindo do frio ou calor excessivo - o que não deixa de ser uma competição. Mas será que essa euforia pela vitória ou pela "acumulação de pontos" vêm dessa primitividade?
O homem nunca conseguiu lidar muito bem com essa tal "acumulação de pontos" aliás, o tal do poder. Impérios majestosos da Antiguidade foram à ruína por causa da falta de inteligência e, por que não, equilíbrio emocional dos governantes. O poder? Ele é maravilhoso! Faz ferver o sangue dos mais despreparados mentalmente, ilude, deslumbra, acaricia o ego daqueles que querem ter a habilidade de estalar os dedos e...PÁ! Tudo se tornar agradável e fantástico.
Por exemplo, o nosso sistema de governo é uma república parlamentarista. Quando criança, perguntava: uai, mas por que o presidente não pode "mandar" em tudo? Por que ele não pode mandar acabar com a fome, com as guerras, com os bandidos, com tudo que é ruim? - simples, não é ele que decide tudo. Os projetos e ideias devem passar pelo Congresso, ou seja, por um grupo de pessoas, teoricamente unidas para resolver as coisas e dividir a carga de poder com o presidente.
Justamente para evitar a arbitrariedade e inconsequência que o acúmulo de poder pode provocar em um governante, existe a divisão entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.
Enquanto jogava e me dava conta de todo esse princípio de surto, sosseguei e desisti de tentar comandar a cobrinha. Só o fato de eu poder comandar aquela criaturinha virtual era...digamos, perigoso demais.
Taí uma coisa que eu "ainda" tenho que parar pra pensar muito. Nunca fui de "poder", sempre fui de pisarem em mim e me jogarem na lata do lixo. Ô! Me vê aí uma porção de "poder" no capricho, mô cumpradre?
ResponderExcluirAdorei, Milhouse!